Aqui fica um tópico interessante colocado no fórum Autohoje.
1 em cada 3 carros usados alemães têm kms falsificados!
(Traduzido por mim a partir de um artigo publicado pelo ADAC)
Este artigo vai provocar um orgasmo de prazer ilimitado a certos users deste fórum (), mas eu não podia deixar de o colocar! :
"Golpe contra a máfia dos conta-kms
Uma operação de larga envergadura da Polícia de Munique chegou à seguinte conclusão: 1 em cada 3 conta-kms foram manipulados. A Polícia Judiciária calcula que o prejuízo a nível nacional ascenda a 5,4 mil milhões de euros. O ADAC exige que os construtores protejam os consumidores de forma mais efectiva.
Pouco antes da 6h00 da manhã, a polícia bloqueia tudo. 2 carrinhas fecham a entrada para a zona comercial de 15.000 m2 situada na zona Norte de Munique - mais de 30 contentores-escritório, várias centenas de carros usados. Hoje ninguém mais pode entrar até a PJ acabar a recolha de provas. Ao mesmo tempo, várias unidades especiais de comando, equipadas com armamento pesado, entram em várias residências e prendem 24 suspeitos principais. Mais de 500 agentes policiais efectuam buscas 150 residências e oficinas: especialmente na região de Munique, mas também em Colónia e Dortmund. A operação estende-se também à Suíça, Bulgária, Itália e Suécia - este é, até hoje, o maior golpe contra os manipuladores de kms organizados em bandos.
A falsificação de conta-kms é um negócio de milhões: a polícia calcula que em ca. de 30% dos mais de 6 milhões de veículos usados que são anualmente transaccionados na Alemanha este instrumento tenha sido manipulado. O número de clientes enganados ascende a 1,8 milhões. Prejuízo: ca. de 3000 € por carro, ou seja, no total, à volta de 5,4 mil milhões de euros! Quem procura os serviços de um manipulador de kms encontra facilmente ofertas na internet por 50 €. "O resto é assustadoramente fácil", diz Manfred Groß, do Centro Técnico do ADAC em Landsberg: "O criminoso entra no carro, liga o aparelho de manipulação à ficha de diagnóstico do carro, tecla o número pretendido de kms, carrega no Enter e já está!" Desta forma, "desaparecem" em ca. de 30 segundos 50.000, 100.000 ou mesmo mais kms do painel.
A quadrilha que a PJ apanhou na sua operação realizada em Munique trabalhava de forma especialmente refinada: traziam carros com elevada quilometragem do estrangeiro para a Alemanha, detalhavam-nos até à perfeição e falsificavam papéis e conta-kms. Um BMW 530 italiano com 4 anos passou de 700.000 para 155.000 km num instante. O carro foi vendido por 15.999 €. Valor verdadeiro: no máximo 6000 €. Quanto mais caro for o veículo, maior se torna a margem de lucro criminosa. Por isso é que a quadrilha multinacional era composta por especialistas como engenheiros electrónicos, técnicos de electrónica, mecatrónicos e vendedores de usados especializados em veículos de luxo e de marca premium - a polícia apreendeu mais de 300 carros nesta operação.
Na feira automóvel de Munique são maioritariamente vendidos carros de baixo preço. No entanto, também aqui existem suspeitas de manipulação de kms. Pelas 8h25 da manhã começam os primeiros agentes da PJ a percorrer o terreno, revistam 2 escritórios-contentor e observam atentamente alguns dos veículos para venda. Um deles é um Suzuki azul, com primeiro registo de Fevereiro de 2002 e com um preço de 6900 €, o conta-kms indica 49.000. Noutro caso trata-se de um Golf de Novembro de 1995 que com supostos 145.000 km está à venda por 1999 €. Entretanto, à entrada do recinto, alguns agentes pedem um pouco mais de paciência a potenciais compradores e aos vendedores: "Trata-se de uma operação de grande envergadura e alguns vendedores estão a ser interrogados. Pedimos desculpa pela demora" explica a chefe das operações. "Ainda bem que finalmente fazem uma acção destas", responde uma vendedora.
Perigo para os automobilistas
Esta acção foi antecedida por meses de investigação antes de ser desencadeada no terreno. O ponto de partida foi dado pela PJ de outra cidade, que descobriu uma quadrilha que se dedicava à falsificação de kms. Todos os manipuladores eram de Munique, pelo que foi lá que a polícia constituiu um grupo de intervenção para este crime. Na 1.ª fase das investigações, a equipa liderada pelo Comissário Alexander Hartinger dedicou-se à recolha exaustiva de dados, incluindo a ajuda do ADAC, que já se ocupa deste tema há vários anos. Seguiram-se operações undercover no meio e, finalmente, em meados de Março, um golpe coordenado à escala nacional e europeia contra a Mafia dos conta-kms. Dois dos investigadores de Munique viajam mesmo até à Bulgária para prenderem um dos principais suspeitos.
A ordem de grandeza das falsificações surpreendeu até alguns agentes da PJ experimentados. A rede de falsificadores incluía muitos ramos de actividade: empresários de táxis e locadoras de automóveis que montavam "filtros" que apenas contavam a distância de 2 em 2 km, vendedores de usados que nos carros provenientes de retomas de leasing reprogramavam os conta-kms para apresentarem números muito mais baixos - o negócio florescia! "Estes delitos atingiram uma dimensão que já não pode mais ser ignorada.", diz o Comissário Hartinger.
Quem sai prejudicado com esta máfia são os vendedores sérios, que têm de lutar contra a perda de confiança dos seus clientes. "Não se pode colocar de forma alguma todos os vendedores no mesmo saco", diz Hartinger - porém, as principais vítimas são os compradores, que não só pagam milhares de euros a mais em relação ao valor real do carro, como correm um risco muito maior de o mesmo apresentar danos irreparáveis. Se, por exemplo, a correia de distribuição não for mudada porque o comprador pensa que ainda não está na altura, depressa se sujeita a enviar o motor para a sucata. No entanto, essas intervenções nos sensíveis sistemas electrónicos dos carros também podem tornar-se perigosos para quem vai ao volante. "Na pior das situações, o ABS, o ESP ou os airbags podem ficar totalmente inoperacionais", diz Hartinger.
É perante este quadro que a Procuradora Barbara Stockinger fala da "colocação em risco dos automobilistas devido a intervenções irregulares na electrónica dos veículos". Os detidos vão ter que responder em tribunal por crime organizado e falsificação de dados e documentos e ainda por manipulação de conta-kms. Alguns dos principais suspeitos já confessaram os seus crimes. A 4.ª fase das investigações contra a máfia dos conta-kms, ainda em aberto, irá prosseguir. O quadro penal para estes crimes situa-se entre 1 e 10 anos de prisão. Devido à gravidade dos delitos, a procuradoria estima que o mesmo irá aplicar-se na sua totalidade. Diz-nos a Procuradora Stockinger: "Estou a contar com a atribuição de penas pesadas"."