Este é um tema que gera bastante discussão que a meu ver é sempre construtiva e produtiva, uma vez que a ideia de todos deve ser analisada e aceite. Todos temos experiências de vida diferentes e por essa razão todos apresentamos uma visão diferente deste tema.
Queria deixar umas opiniões pessoais a alguns dos pontos discutidos nos tópicos:
- As empresas referidas, quer tenham participação pública ou não, são privadas e têm accionitas privados. Estas empresas para além de funcionarem como entidades patronais de muitos cidadãos (não analisando agora se pagam bem ou mal), são ferramentas financeiras de investimento tanto para particulares como para a banca. O que quero dizer com isto é que, são "depósitos a prazo" para muita gente e o importante é darem lucro... e na realidade, apesar de alguns salários principescos, dão realmente lucro. Compro hoje umas acções e daqui a 10 anos ganheialgum dinheiro em dividendos e se as vender também ganho dinheiro... por vezes não pelo valor das acções, mas porque durante esses 10 anos fui ganhando mais acções;
- Posto o ponto anterior, desde que o gestores continuem a geral receita e lucros nessas empresas, os seus ordenados serão sempre justificados;
- O dinheiro não nasce nas árvores... é uma elemento de troca. Não se gasta, nem se ganha, troca-se... Esses senhores que ganham 100.000 euros ou mais por mês, gastam esse dinheiro, ou parte dele. Seja a comprarem brutas mansões, como brutos carros, como brutos relógios... e isso acaba por fechar o ciclo, pois estão a trocar dinheiro por objectos e por trás desses objectos existe uma indústria em funcionamento que dá origem a emprego e lucro noutras empresas;
- Vimos aqui que alguns gestores com ordenados principescos pertencem à PT... Uma acção de repúdio digna seria, se acham que a PT está a ser mal gerida, por exemplo, deixar de utilizar os seus serviços. Possivelmente muitos dos participantes aqui no fórum utilizam serviços da PT... ou seja, sem directamente pensarem nisso, pagam parte do ordenado desses senhores;
- A comparação que fazem dos gestores pode ser feita para os jogadores de futebol... E esses? Ganham o dinheiro que ganham a fazer aquio que todos nós gostamos de fazer... Onde está a produtividade ou os outros adjectiso que utilizaram aqui? Não interessa... Interessa é o lucro que conseguem dar ao clube. É um negócio. O valor dos ordenados não pode ser visto pela produtividade ou não, mas sim pela receita gerada;
- Não aceitar emprego porque o subsídio é maior, é um erro... O subsídio não dura para sempre... Conheço algumas pessoas que enquanto recebiam subsídio, gabavam-se até um pouco em forma de gozo num ou outro café enquanto bebíamos uma imperial, que tinham recusado emprego porque estavam muito melhor assim: "Eles devem ser é parvos... eu sei fazer contas... sem fazer nada ganho mais do que a trabalhar... para que é que vou trabalhar?"... Hoje o subsídio acabou e por vezes ligam-me a pedir dinheiro emprestado... pois agora não arranjam nada e já nem o subsío têm. O subsídio é uma prestação social de ajuda à reintegração profissional... e não um taxo;
- Por último, trabalho numa empresa com cerca de 20 pessoas e com uma concorrência muito grande e por vezes desleal... Temos de produzir com uma eficácia muito grande: "fazer bem à primeira". Não se trata de trabalhar muito ou pouco, trata-se de ser eficiência naquilo que se faz, e na realidade, e por várias pessoas com quem já trabalhei, o povo latino é muito "descontraído"... gosta muito de ir fumar o cigarrinho, de ver o e-mail, de falar ao telemóvel... etc... O problema não é o tempo que se perde nestas tarefas... é a desconcentração. Estão concentrados a fazer algo, toca o telefone, saem a correr para atender, aproveitam para fumar um cigarro... quando voltam para o posto de trabalho, gravam o ficheiro e fecham-no, pois já nem se lembram que deixaram uma qualquer especificação a meio... isto é banal nos dias de hoje e obriga a que vários processos de produção tenham de passar por 2 ou 3 etapas de controlo de qualidade, pois faltam sempre peças...
Por fim um último ponto, pois se não o fizer julgo que poucos vão interpretar bem o meu texto pensam que estou do lado dos gestores ou não... a minha ideia não é essa, é apenas dar uma opinião:
Uma boa medida social a ser implementada seria, por exemplo, uma obrigatoriedade de qualquer empresa distribuir uma percentagem dos lucros (por exemplo numa taxa igual à taxa máxima de IVA) pelos colaboradores. Assim, quando uma Galp apresenta milhares de milhões de euros de lucro ao fim do ano, seria obrigada a dividir 20% desse valor por todos os colaboradores e de forma linear, ou seja, não indexada ao seu ordenado. Assim, o gestor que ganha 100.000 euros por mês e ganhasse mais 5.000 euros ao final do ano, não sentia qualquer impacto no seu trabalho, mas o trabalhador de balcão que ganhe 450 ou 500 euros por mês, recebesse depois um prémio de 5.000 euros ao final do ano, seria astrondoso... Possivelmente todos os colaboradores começavam a sentir que a empresa onde trabalham é a sua empresa... e faria mais e melhor... não pelo valor do prémio, mas pela retribuição da justiça que tal medida lhe oferecia. Vendo bem, uma medida destas não teria impacto nas contas da empresa (estamos a falar de 20%, ou seja, sobram 80% para fazerem o que quiserem), podia ser descontada em sede de IRC (uma vez que os colaboradores teriam de pagar IRS não vale a pena tributar o lucro totam da empresa antes de retirar os 20%) e pronto... Todos ficavam contentes.
Esta medida, por enquanto, só tem uma falha bastante reclamada pelos gestores (aqueles que ganham os tais 100.000 euros)... e o que acontece num momento de crise em que a empresa não gera lucro? Têm o direito de nessa altura retirar os 5.000 euros aos colaboradores? Uma medida destas não pode ser só para ganhar... tem der ser sentida por todos... Se a emrpesa é de todos nós, tem de ser boa para as alturas boas e más para as alturas más... O que fazer nessas alturas?
Lembrem-se... o dinheiro não se cria e não se gasta, é tudo uma troca. No gastar é que está o ganho... se atirarem o dinheiro na direcção certa, ele dá a volta e vai bater-vos nas costas de novo, tipo boomerang... É preciso é descrobrir o sentido e força do vento e decidir para onde atiramos o boomerang... e depois ter os olhos abertos e a perícia de mãos para o voltar a agarrar...