Após algumas centenas de quilómetros, vou deixar um primeiro feedback de como é conduzir um W211...
Em primeiro lugar, logo à vista, é um carro grande. Imponente. Mais comprido e mais largo que o A4.
A estética é sempre relativa, mas claramente o design do W211 está algo datado, ao contrário do B6 que apesar de ser mais velho, mantinha na minha opinião umas linhas mais agradáveis ao gosto generalizado.
Ainda assim, acho que no Mercedes a côr preta favorece-o muito, esconde as dimensões grandes, e em mistura com alguns cromados presentes (grelha, frisos, puxadores, etc) dá-lhe um ar muito distinto.
As jantes não o favorecem, são jantes de 16 polegadas apenas, um perfil de pneu exagerado, dão-lhe um ar tosco mas facilmente solucionável com umas jantes 18 ou até umas 17. Mas pra ficar mesmo bem umas 19 seriam o ideal na minha opinião.
Sendo um Avantgarde, há pormenores estéticos a apontar e que passam um pouco despercebidos, aparentemente nesta altura a versão avantgarde seria um pack mais "desportivo" e mais exclusivo. Meto desportivo entre aspas pois este desportivo é um pouco confuso.. por um lado temos umas embaladeiras diferentes, mais desportivas é certo, temos umas grelhas inferiores em favo de mel, temos umas linhas do para-choques mais desportivas, por outro temos uma grelha frontal toda cromada com mais linhas (7 contra as 5 do Classic) que de desportivo pouco tem.
A dada altura (2004, 2005 nao sei bem) saiu uma versão "Sport".. acho que a Mercedes na altura começou a sentir a necessidade de tornar o W211 mais desportivo, provavelmente devido à chegada do BMW E60, e fizeram uma versão Sport mesmo pra chamar a atenção, mas não sei em que consiste essa versão).
E esta sensação de desportivo estranha-se mais quando se entra no carro, mas lá iremos...
Entramos no carro e a primeira impressão é o conforto. Mal me sento no banco parece que estou num sofá caro. O banco é muito confortável, suave aconchegador, espaçoso.. um sofá autêntico! Fechamos a porta e pelo barulho abafado do fecho da porta percebemos logo que estamos num Mercedes de gama alta da época. Há pele em todo o lado, não há barulhos de plásticos soltos, tudo funciona, tudo é agradável ao toque.
O volante tem a pele já áspera, precisa ser estofado. Tenho um plastico inferior do banco do passageiro partido, as tampas dos espelhos dos pára sois estão danificadas mas tirando isso, tá tudo muito direitinho. Lembro que o carro tem 20 anos e 380 mil kms.
Estando dentro do carro a sensação de desportivo esvanece-se ainda mais. Os bancos são confortáveis mas as abas laterais não fornecem apoio, não sinto que o banco me vai segurar numa curva apertada. É um sofá, não uma backet é que nem se pode chamar de banco desportivo, nada a ver.
Os interiores claros dão um ar ainda mais amplo e espaçoso, é agradável de certa forma.
Há 20 anos eu já adorava carros e lia revistas da especialidade e a sensação que me dava há 20 anos era que tinhamos nos carros alemães a Mercedes lá no topo, a BMW logo a seguir e a Audi mais cá pra baixo... Em que a Mercedes tinha carros mais confortáveis, conservadores, maiores, fiáveis, a BMW tinha carros menos confortáveis mas mais desportivos, não tão bem construidos mas não muito longe da Mercedes, carros mais dinâmicos e divertidos de conduzir.
E a Audi andava ainda a tentar perceber que tipo de carro queria construir.. um terceiro lugar distante.
Hoje percebo melhor o porquê.
Põe-se o carro a trabalhar e ouve-se o picar da injecção a frio, devido aos injectores precisarem de uma reparação, por isso não posso falar muito do trabalhar, mas como é óbvio, para mim, qualquer motor diesel pra mim a trabalhar é um nojo ao pé de um motor a gasolina. Prefiro um 1000 de 3 cilindros de um Aygo.
Mas adiante.. Caixa automática em D e arrancamos, e logo a primeira coisa que reparamos é o receio de calcar o acelerador... Receio porquê? É um receio e uma cautela inconsciente.. pois o carro é enorme! Carrego no acelerador com cautela pois ando constantemente a olhar pró capot, pelos espelhos, a ver se não vou raspar o carro em nada. Mas.. mal tenho um pouco de estrada livre, basta calcar o acelerador a pouco mais de meio, o carro descola literalmente. A força deste motor impressiona até porque está num carro pesado. São 425 Nm de binário, 177 cavalos, o filho da mãe anda e anda bem.
Eu tenho evitado andar de prego a fundo pois a minha injecção está precária e não quero derreter nenhum pistão, mas uma ou outra vez a entrar na auto estrada, tive de calcar e um gajo cola ao banco.. cola ao sofá neste caso...
A caixa automática só tem 5 velocidades, a 5G tronic, embora seja mais fiável e mais resistente que a 7G tronic que veio depois, a gestão desta caixa devido a ter só 5 velocidades, não deve ajudar muito aos consumos mas...
As passagens de caixa não são lentas, mas uma manual, nas minhas mãos é mais rápida.
Não se pode ter tudo.
Extras não faltam, temos airbags em tudo que é sítio, espaço pras pernas, braços, os passageiros da frente podem estar a vontade, todos esticados de braços abertos, quase que dá pra dormir. Atrás não é diferente. Espaço até dizer chega, outro sofá autêntico, apoio de braço central, cortina electrica traseira pra tapar o sol, ar condicionado de duas zonas atrás com regulação independente, tudo 5 estrelas.
Falemos agora da suspensão, que na minha opinião é um must have.
Quem tem suspensao airmatic e mete suspensao normal nestes carros é um imbecil. Dizem que não notam diferença, é tanga. Tirar a suspensao a ar destes carros é matar das coisas mais especiais e distintas que estes carros têm.
Esta suspensão tem 4 balões de ar reguláveis em altura que substituem as molas convencionais, e têm 4 amortecedores electrónicos reguláveis em dureza. Um compressor de ar à frente, 2 reservatorios de ar algures, sensores de altura, etc, etc..
A suspensão tem 3 modos de condução, conforto, dinâmico e desportivo.
Em cada modo é regulada a altura e a dureza da suspensão. Independentemente do modo, a partir dos 130 kmh, a suspensao baixa pra dar melhor estabilidade em alta velocidade
No modo conforto o carro parece um colchão, bom pra andar no paralelo, a dinâmica mais baixa e mais durinha, boa pra andar na maior parte das estradas, é o modo em que ando mais, a mais equilibrada pra mim. O modo desportivo é bom para andar em autoestrada. O modo desportivo é de facto desportivo. A única coisa de desportiva que este carro de facto tem, a suspensão fica baixa e dura. Mesmo dura. Faz lembrar a suspensao do meu B6. O carro numa rotunda ou curva apertada não adorna praticamente nada... Mas... Tenho de segurar pra nao ir parar ao outro banco ou não sair pela minha janela! Os bancos não oferecem apoio lateral nenhum!
Mas pronto... Temos ainda um botão para subir a suspensão ao máximo, isto serve quando nos deparamos com uma estrada com grande buracos ou quando queremos entrar numa subida ou descida com muito declive. Dá muito jeito, fora isso não faz sentido andar com a suspensão na altura máxima, o carro fica a parecer um jipe.
A travagem não é comum, pois em vez de um servo freio tem uma bomba hidraulica que faz o papel so servo freio mantendo sempre uma pressão constante no curcuito de travagem.
O sistema chama-se SBC. Servotronic brake qualquer coisa... Deu stresses quando saiu, a Mercedes assumiu os problemas, fez campanhas de recolha, substituição, e supostamente deu uma garantia de 25 anos a todos os carros que saíram com o SBC.
Aqui entre nós acredito nessa garantia na Alemanha, em Portugal, não sei não..
Mas o carro trava muito bem, o pedal tem sempre pressão, basta um encosto e o carro trava, se for preciso uma travagem brusca (já me aconteceu uma vez) o carro pára, mas pára mesmo.
Resumindo, carro confortável, seguro, rápido QB, muitos extras interessantes.
Mas há sempre aquele friozinho no estômago, aquele receio que algo caro avarie
Mas o que me está a desiludir é um ou outro ponto de ferrugem que começa a aperecer, o mais sério é um ponto que tá a começar a aparecer junto ao tecto de abrir ..
ando ainda a pensar como vou resolver aquilo. Não convém deixar aquilo assim muito tempo.
Pá acho que é um carro a sério, é um senhor carro, do tempo em que a Mercedes tinha brio a construir carros. Olho prós Mercedes actuais e enfim, nem vale a pena falar, a Mercedes hoje em dia olha pras vendas, e pros lucros.
É um carro datado, mas com potencial. Para fazer viagens é a melhor coisa. Para andar na cidade depende da vossa cidade, e do sitio, pra andar no centro de Gaia ou Porto é pra esquecer. De resto siga.
Pra um passeio de fim de semana, mesmo em cidade sem tanto transito e em família não há melhor.
Ficam as minhas primeiras impressões a sério, pra quem tem curiosidade sobre estes carros.