A auditoria externa à situação patrimonial do grupo Sporting, prometida por Godinho Lopes e apresentada agora aos sócios, revela uma situação extremamente preocupante, com resultados negativos crónicos entre Agosto de 1998 e Março de 2011. Nas conclusões da versão sumária, disponibilizada no site do clube, os capitais próprios do clube são negativos em 183 milhões de euros, uma «situação estruturalmente desequilibrada, usualmente denominada por falência técnica».
Uma das principais fontes de agravamento do défice crónico dos leões está no futebol que apresenta valores negativos em quase todas as vertentes. O saldo de todas as operações de compras (197 milhões) e vendas (157 milhões) no período em análise é negativo em 40,5 milhões de euros e, apesar dos investimentos, o valor global dos passes dos jogadores caiu nesse período em 11 milhões de euros.
Em 1999 o capital próprio do clube até era positivo em 11,7 milhões de euros, mas os resultados acumulados negativos agravaram-se em 175 milhões de euros, com uma média anual de 16 milhões de euros de prejuízo por ano, atingindo em 2010 o valor negativo de 183 milhões de euros.
O estudo, realizado pela «Patrício, Moreira, Valente & Associados e que abrange os mandatos dos presidentes José Roquette, Dias da Cunha, Soares Franco e José Eduardo Bettencourt, revela «um défice crónico de tesouraria» de «quase 20 milhões de euros por ano. Um défice que obrigou o clube a recorrer a sucessivos empréstimos que contribuíram para um colossal agravamento do passivo em 230 milhões de euros. O endividamento do grupo foi mais do que quintuplicado no período em análise.
O Sporting tem apresentando, ano após ano, resultados negativos, com excepção de 2007, em que apresentou um lucro de 6,5 milhões de euros graças aos proveitos extraordinários apurados, entre os quais se destaca a venda de Nani ao Manchester United, com uma mais-valia de 24,2 milhões de euros. Em 2010, sob a gerência de Bettencourt, registou-se o saldo negativo mais acentuado, ascendendo a 38 milhões de euros.
Em conclusão, o Sporting perde dinheiro todos os anos. Compra mais do que vende, tem receitas reduzidas e reforça os resultados negativos com os sucessivos empréstimos que tem feito nos últimos anos (276 milhões de euros).
Uma situação que condiciona a gestão da tesouraria do clube por via de dações em pagamento de receitas de patrocínios, publicidade, televisão, sendo que em relação à SAD está prevista uma retenção de vinte por cento das receitas dos passes dos jogadores presentes e futuras para o pagamento de empréstimos, até o total de 15 milhões de euros