Eduardo 7
Desde que é o número 1 de Queiroz, tem respondido a quem dele desconfia(va) como respondeu aos avançados bósnios: com categoria. Não tão bem com os pés, devido ao estado da relva, Eduardo foi... mãos-de-ferro, agarrou tudo. Bela defesa a livre de Pjanic (75').
Paulo Ferreira 7
Concentrado, sem nunca perder posição, controlou as investidas que os bósnios desenvolveram por aquele lado, conseguindo até cortes decisivos para os números do jogo. Disponível para subir, arrancou um amarelo, a Sahic. Após o calvário das lesões, está como novo.
Bruno Alves 8
Dzeko é de elite, mas Bruno Alves também. Tirando um lance já aos 81', nunca o deixou virar-se para a baliza. Fê-lo a ele e a quem se atreveu a invadir a área lusa. Pelo ar, sobretudo, revelou-se insuperável, um gladiador. E, sempre interessado em tentar desequilibrar em bolas paradas, quase marcou aos 89'.
Duda 7
Seguro a defender, tranquilo a envolver-se no ataque, contornando o mau estado do relvado. Aos 63', em lance individual, até esteve perto do golo, atirando às malhas laterais. Pela vontade de assimilar processos defensivos e o acumulado de anos a jogar a extremo, também está a sossegar os desconfiados - e a calar os críticos.
Pepe 8
Um jogo idêntico ao que fizera na Luz, percorrendo quase o campo todo, conseguindo ganhar bolas e pô-las a circular. Pepe é um óptimo defesa-central, mas também é cada vez mais um belíssimo trinco. Ficam todos o ganhar: ele próprio, a Selecção e até o Real Madrid.
Raul Meireles 8
Houve um Raul Meireles antes e outro depois do golo. Até acertar nas redes bósnias, já tinha desperdiçado a melhor ocasião de golo de Portugal (25') e perdido bolas que não costuma perder. Mas após o 0-1, mais tranquilo, partiu para uma meia hora final de alta rotação - e alto rendimento. Aos 71', aliás, esteve quase a bisar.
Tiago 7
Foi o eleito para render Deco, o que fez como tinha de fazer, jogando à sua imagem. Não se tratando de um futebolista idêntico ao Mágico, Tiago jogou simples, curto e procurando desequilíbrios com o passe, em vez do drible. Foi assim que pôs Raul Meireles e Simão na cara do golo (25' e 57').
Nani 8
Se jogar sempre assim, todos lhe vão fazer festinhas, mas depois já não vai, já não pode ir, para o banco. Foi, desde o início, um perigo, um desequilibrador, sofrendo a primeira falta logo aos 2'. Conseguindo impor a agilidade e a técnica num relvado que parecia um quintal, ameaçou o golo aos 49' e criou-o, oferecendo-o a Raul Meireles, aos 56'.
Simão 6
Soltou-se depois de Portugal se adiantar no marcador. Até aí, tinha tido dificuldades no contacto com a bola e no entendimento com os colegas do meio-campo. Melhorou bastante e, aos 71', fez uma bela assistência para Raul Meireles, que, isolado, atirou ao lado.
Liedson 6
Sozinho contra um trio de defesas e também com dificuldades na adaptação ao relvado, nem sempre deu a melhor sequência aos lances, mas só parou quando... saiu. Participaria no lance do golo e quase marcou aos 68', após jogada de Nani.
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Como cresceu esta equipa portuguesa. Num jogo difícil, com um ambiente escaldante, dos mais terríveis dos últimos anos, e com um relvado em péssimo estado, a Selecção Nacional deu uma prova de maturidade e já está no Mundial'2010. Ontem houve alma, concentração máxima, humildade, espírito de entreajuda e garra. Portugal foi uma verdadeira equipa!
Faltou Cristiano Ronaldo, é certo, mas a equipa das Quinas não se ressentiu. A ausência de Deco do onze inicial também não foi notada. O Mágico só treinou na véspera do jogo, mas não estava a 100 por cento. Naquele relvado ainda era mais complicado. Carlos Queiroz colocou Tiago e ganhou a aposta. O médio da Juventus foi importante para lançar o ataque, mas também na hora de defender e de combater.
Já os bósnios não podem dizer o mesmo das ausências. Sabiam que não podiam contar com três jogadores castigados, e na véspera do jogo perderam Misimovic, lesionado. O médio-ofensivo fez falta, como já tinha feito sábado, no Estádio da Luz. Nesse dia esteve em campo, mas, como jogou pouco, pensava-se que ontem pudesse criar problemas. Criou, mas a Blazevic, que teve de apostar em Medunjanin, mas a qualidade não é a mesma. Nem por sombras.
A Bósnia, enquanto existiu, foi à custa da qualidade de Dzeko - grande craque - e de Ibisevic. Mas a manta era demasiado curta, até porque ontem os dois avançados encontraram um verdadeiro muro defensivo. Ricardo Carvalho e Bruno Alves foram insuperáveis, brilhantes, pelo chão e pelo ar. Os dois laterais, Paulo Ferreira e Duda estiveram a um nível elevado, justificando a confiança que Carlos Queiroz lhes deu, depois de terem estado apagados na partida da primeira mão. A defender estiveram impecáveis, mas também souberam sair para o ataque com a bola controlada, aparecendo com perigo junto à área da Bósnia. Já o meio-campo teve um Pepe com um coração de leão, sempre em todo o lado, com uma enorme capacidade de recuperação de bolas. Tiago justificou a titularidade, enquanto Raul Meireles foi o primeiro a avisar os bósnios, ainda na primeira parte, e acabou com o jogo quando bateu Hasagic. Falta o ataque, que voltou a contar com o tridente formado por Nani, Simão e Liedson. Destes, o extremo do Manchester United foi o que mais desequilibrou.
Com uma exibição personalizada e com todos os jogadores a lutarem pela posse da bola como se aquela fosse a última jogada, Portugal merecia ir para o intervalo a vencer, mas Hasagic impediu o golo de Raul Meireles, depois de uma jogada brilhante da equipa.
Miroslav Blazevic percebeu que não ia lá com Medunjanin, o substituto de Misimovic, e trocou-o por Muslimovic, um avançado, recuando Ibisevic para a posição de número 10. Nada que atormentasse a selecção portuguesa. Nada mesmo. Os problemas eram resolvidos pelo sector defensivo, mas quando era preciso também aparecia Eduardo em bom plano, tudo fazendo para completar o quinto jogo consecutivo sem sofrer golos, o que conseguiu.
O golo de Raul Meireles foi um prémio para toda a equipa, mas também para a estratégia montada por Carlos Queiroz. Até as substituições, sobretudo as de Edinho e de Deco, porque jogaram mais minutos, permitindo a Portugal acabar em 4x4x2, foram acertadas. E dessa forma a equipa das Quinas acabou em beleza o jogo, com o público em silêncio e os portugueses a festejar. Agora vale a pena sonhar.
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Retirado de O JOGO!!