Eu estive durante 2 anos a fazer viagens ao Algarve (Lisboa -> Algarve) todas as semanas. Aproveitei para fazer várias experiências com o carro, não só com combustíveis, mas com outras situações.
Tenho um A3 Sportback 2.0 TDI S-Line (caixa manual) de 2004. Tem neste momento 160.000 km.
Estas experiências foram à cerca de 2 anos e na altura tinha tudo registado ao pormenor. Agora não sei onde tenho as inumeras folhas do Excel que criei para fazer todas as comparações.
Seguem as situações estudadas:
- Várias velocidades (100, 120 e 140 km/h);
- AC ligado ou desligado;
- Vidros abertos ou fechados;
- Temperatura exterior
- Combustíveis
Método utilizado:
Ao passar num poste de iluminação predefinido (sempre o mesmo após a ponte Vasco da Gama), estabelecia a velocidade com o Cruise Control e fazia o reset completo ao computador de bordo;
Ao passar por outro poste de iluminação (sempre os mesmos de início e fim), verificava todos os dados do Computador de Bordo e assentava-os num papel (viagem de cerca de 200 km sem qualquer paragem e tentando que o cruise control nunca fosse desligado).
Quando atestava de novo o depósito fazia as contas para verificar o erro do computador de bordo (atestar sempre até ao máximo possível, verificar os km no conta km e colocar tudo a zero de novo).
Posso tentar encontrar os ficheiros de "controlo" para enviar, mas não tenham grandes esperanças, pois já foi à dois anos.
Conclusões:
Estas conclusões foram tiradas a partir de todos os dados que retirei.
Combustível:
Começando pelo combustível (que é o tema do tópico), realmente o carro gasta menos com combustível "especial" (as experiências foram sempre com o BP Ultimate). Contudo, não é imediato e a diferença chega a cerca de 0,5 litros mas apenas ao fim de cerca de 4 ou 5 depósitos atestados (que para mim era cerca e 1 mês). O carro gastava sempre 4,5 l/100 a 120 km/h entre os dois postes. Quando comecei a colocar o combustível normal, passou a gastar, em cada viagem, cerca de 0,1 l/100 a mais (em cerca de 200 km) até chegar aos 5,0 l/100 (estável). Quando passei a utilizar o BPUltimate de novo, começou a baixar (também gradualmente) e só ao fim de cerca de 4 ou 5 depóstivos é que voltou a estabilizar nos 4,5 l/100km.
Assim, concluí que não existe poupança de dinheiro em abastecer com um ou outro. Eu continuo a utilizar BPUltimate porque julgo que é mesmo capaz de fazer melhor ao carro. Neste momento tem 160.000 km e até ao momento só levou pastilhas de travão e a correia de transmissão por ser normal na marca substituírem aos 120.000 km.
Velocidade:
A velocidade tem uma diferença abismal no consumo de combustível. A diferença entre ir a 100 km/h, 120 ou 140 km/h é muita (todos os ensaios posteriores foram feitos com o BPUltimate). A 100 km/h o carro gasta cerca de 4,2 l/100 km. A 120 gasta 4,5 l/100 km e a 140 já gasta 5,6 l/100 km.
Vidros:
Os vidros irem abertos ou não causa mais desconforto do que consumo de combustível. As diferenças nunca ultrapassaram os 0,3 l/100 km em várias velocidades e era muito variável. Dependida mais do vento do que do facto simples dos vidros estarem abertos ou não.
Ar Condicionado vs Temperatura Exterior:
Não notei nenhuma diferença entre ter o AC ligado ou não. O consumo era igual. Em termos técnicos, uma máquina de AC de um automóvel tem cerca de 2 ou 3 cavalos de potência. Se o carro tem 140 cavalos, podemos notar alguma perda de potência no arranque, mas em funcionamento normal (2.500 - 3.000 rot/min) não sentimos nada. A potência que sentimos a menos vai para o AC e por isso a soma total da potência tirada ao combustível é a mesma. Se o carro tivesse o mesmo arranque e o AC continuasse a funcionar, isso já queria dizer que estaríamos a "consumir" mais a potência do AC.
O que notei fazer bastante diferença nos consumos é a temperatura exterior. Quando mais calor está (com o Ar Condicionado ligado ou desligar e vidros abertos ou fechados) o carro gasta sempre bastante. Naqueles dias que apanhava 38 e 39 graus a atravessar o Alentejo, o consumo do carro era sempre muito maior do que naqueles em que lá passava de madrugada com 1 ou 2 graus positivos.
Esta situação é que complica as coisas. Quando está calor o pessoa liga o AC e pensa que o carro gasta muito mais por causa disso. Se abre o vidro em vez do AC também pensa que é disso, mas o problema é mesmo a temperatura do ar (O2) que está a entrar para o motor. Como está mais quente está mais expandido e a concentração a queimar é menos rica em O2. O carro tenta compensar (com o sensor de massa de ar), mas com 40 graus lá fora, é difícil compensar o que quer que seja.
Também notei, como nota final, que o facto do piso estar molhado também contribui para um consumo mais elevado de combustível (que pode chegar a 1,0 l/100 km) e que estará obviamente relacionado com os pneus que utilizam (eu sempre utilizei, nos 160.000 km os SportContact2 da Continental.
Estou disponível para comentar ou aprofundar qualquer uma destas situações e outras que também experimentei (com cruise control, sem cruise control, pneus com pressão de carga, com pressão normal, etc...)